segunda-feira, 21 de julho de 2008
Artigo: Desculpe-nos...
Matamos seu filho...pai...marido...sogra...
Quando criança, na fase das briguinhas com colegas, a gente se sente de alma lavada quando pede e recebe ou quando concede desculpa ao ofensor, geralmente por uma bolachada bem merecida. Trata-se de uma demonstração de arrependimento, por considerar o seu semelhante mais importante de que sua vingança pessoal.
As fases da vida e a posição não tiram dos humanos sua capacidade de reconhecer erros. Só que não se pode banalizá-los confiantes no posterior pedido de desculpa. Na Administração Pública também é assim.
Os governos americanos banalizaram o pedido de desculpa por seus atos de horror, indesculpáveis na maioria. Tornou-se um clichê. Quase sempre copiadoras das coisas ruins americanas, as autoridades brasileiras passaram a usar o pedido de desculpa como único ato administrativo de reparação por grosserias, atuação perniciosa e por crimes gravíssimos praticados por seus agentes.
No final de 2007 seis policiais militares, Gerson Gonzaga da Silva, Emerson Ferreira, Ricardo Ottaviani, Maurício Augusto Delasta e Juliano Arcângelo Bonini, chefiados pelo tenente Roger Marcel Vitiver Soares de Souza invadiram a casa de Carlos Rodrigues Junior, em Bauru, interior de São Paulo, sem, e mesmo que fosse com ordem judicial, e o mataram trancafiados num quarto, na presença da mãe e da irmã, que nada puderam fazer a não ser ouvir gemidos de um ente querido até a morte.
No Pará uma adolescente de treze anos foi trancafiada com mais de vinte homens numa delegacia. Juizado, promotoria, delegacia, todo mundo tinha conhecimento e nenhum fez alguma coisa para impedir que ela ficasse um mês sendo estuprada, seviciada, queimada. Em Goiás, uma delinqüente empresária e sua empregada arrancavam pedaços da língua de uma criança com alicate e outras torturas dessa natureza. No Rio de Janeiro, alguns facínoras do Exército deram a vida de um jovem de presentinho a traficantes. E no mesmo Rio a Polícia Militar, frise-se, em "revide", matou João Roberto Amorim, uma criança de três anos, como se fosse um assassino perigoso. Depois, bem em seguida, mataram o engenheiro. E tantos outros.
Tão simples quanto esses atos bárbaros foram praticados por todos esses bandidos, a principal medida tomada pelas autoridades envolvidas: um pedido de desculpa. Passou da hora da sociedade presentear alguém com essas autoridades. O leitor poderia sugerir a quem. Depois, é só pedir desculpa.
Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bel. Direito
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