domingo, 22 de abril de 2007

Livre Arbítrio: Vamos começar!

De acordo com os protocolos da educação básica é sempre importante começar uma conversa com uma saudação. Que assim seja: olá! O Blog Livre Arbítrio tem como interesse simplesmente publicar opiniões, resenhas, artigos e alguns outros trabalhos do moderador do Blog e colaboradores, sobre diversos assuntos, música, cinema, futebol, TV. Para começar, vou publicar um artigo que fiz para o caderno de opinião do Katatudo, empresa onde sou Assessor de Imprensa. O Artigo se refere ao Big Brother Brasil, que dispensa apresentações. Se quiser saber minha opinião, leia abaixo. Sem mais. Seu voto computado com sucesso! Pensei que não conseguiria concluir o que tinha me proposto a fazer naquele instante Momento de tensão. Meus dedos já empunhavam aquele objeto que traria discórdia entre os envolvidos. Especialmente meu dedo indicador estava engatilhado, pronto para agir. O suor escorria, minhas mãos tremiam, meus dentes batiam, meu coração estava disparado, meus pés batiam no chão. Por um momento pensei que não conseguiria concluir o que tinha me proposto a fazer naquele instante. Mas deixei a covardia de lado, respirei fundo, fechei meus olhos e meu dedo indicador mergulhou naquele artefato. Clic! Estava feito. Abri os olhos e confirmei ao ler a mensagem: “Seu voto foi computado com sucesso”. Um súbito de melancolia atropelada por uma vontade incontrolável de gargalhar bateu no fundo dos meus sentidos entorpecidos. Tinha acabado de participar do maior fenômeno da boçalidade nacional: Big Brother Brasil. E pensar que o zoológico da espécie Homo Sapiens e seus diversos vícios culturais surgiram da comercialização e banalização de uma crítica política. Em 1984 (Do título original Nineteen Eighty-Four), escrito por Eric Arthur Blair, sob o codinome de George Orwell, o Grande Irmão (do original Big Brother) é um arquétipo das autoridades totalitárias onde o Estado é onipresente, e altera a história e o idioma, oprime e tortura o povo com o objetivo de manter a sua estrutura inabalada. Uma das exigências do regime é a de que os cidadãos deveriam parar o trabalho por dois minutos para a adoração da figura do Grande Irmão, que matinha vigilância 24h através, principalmente, das teletelas (teletelasscreen). Orwell usou de uma metáfora para alertar gerações futuras do perigo que corriam em relação ao poder e as sociedades modernas, pois na leitura da obra, projeta-se imediatamente quando é feita a descrição do Big Brother, a imagem e semelhança de Stalin. Enquanto isso, quase 60 anos depois da publicação de um dos maiores clássicos da literatura, engolimos todas as noites praticamente engasgados, a realidade quase utópica de George Orwell. Mas não é a estupidez política descrita no livro que nos aborrece todas às noites antes de dormir. Nós não somos obrigados a cantar o hino nacional em frente à televisão, sob o risco de ser estilhaçado por um tiro ao errar a letra. Somos obrigados a ouvir a ignorância dos brothers, com suas asneiras cômicas e, ao mesmo tempo, depressivas. Somos obrigados a nos divertir inconscientemente com as macaquices eróticas das sisters, que despejam sua libido na telinha para conseguir a capa da revista da moda ou um papel na novela das oito. O que alivia o desespero de perceber total inutilidade e abstenção de aprendizado é saber que não somos obrigados a coisa nenhuma. Felizmente ou infelizmente, a mesma liberdade que nos sujeita a tamanha chatice, nos permite desligar a televisão e deitar mais cedo para dormir. Exatamente essa liberdade que também nos permite ver, criticar, aceitar, e até mesmo votar em quem será eliminado. Que venha o próximo paredão, lugar onde sempre estará na disputa o nosso bom senso.

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