quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Em busca da felicidade

Há alguns meses fui ao cinema para ver um filme que me chamou atenção. Era uma produção que contava a história do banqueiro de investimentos Chris Gardner. A idéia partiu de uma reportagem no canal ABC em janeiro de 2003, que tinha como tema a história do milionário. Na época, eu estava lendo um desses livros que vendem em banca de jornal sobre a história de grandes pensadores. Na ocasião era um livro sobre a vida, obra e filosofia de Santo Agostinho, ou Aurelius Augustinus. Depois de abandonar o maniqueísmo – doutrina religiosa pregada por Maniqueu que tem seus fundamentos baseados em princípios opostos: bem absoluto ou Deus; e o mal absoluto, ou o Diabo – Agostinho abraçou a filosofia neoplatônica onde aprendeu a espiritualidade de Deus e a negatividade do mal. Durante alguns meses, entrou em fase de recolhimento e escreveu alguns de seus diálogos filosóficos. Baseado no manual de Marcus Terentius Varro (116-27 a.C.), Agostinho indaga em uma de suas últimas obras, Cidade de Deus, que a razão para homem filosofar é de atingir a felicidade, que ele não encontrou nos filósofos clássicos, mas nas Escrituras Sagradas, depois de ter escutado as palavras de Paulo de Tarso. Um ato de fé. Todas as 288 teorias filosóficas definidas no manual de Marcus Terentius Varro, fizeram com que Agostinho tivesse essa conclusão por elas chegarem sempre a mesma questão: como obter a felicidade? Para Agostinho, a felicidade estava nas Escrituras Sagradas e não na filosofia. E nós, como podemos obter a felicidade? Para Chris Gardner, personagem do filme, obter a felicidade estava em ter uma vida digna, o que é direito de qualquer pessoa. Em busca da felicidade (The Pursuit of Happyness, 2006) é baseado na história real de Gardner (Will Smith), um vendedor que morava com seu filho Christopher (Jaden Smith) e sua namorada Linda (Thandie Newton). Depois de ser abandonado pela mulher, que não agüentava a falta de dinheiro, Chris aceita um estágio não remunerado na esperança de conseguir um emprego melhor em uma grande empresa. Sem dinheiro, ele acaba despejado do apartamento em que vivia com o filho e os dois são obrigados a dormir em abrigos, banheiros de estações de trem em São Francisco ou qualquer local que servisse de aconchego. Mesmo com todos os problemas, Chris continua a ser um pai amoroso, dedicado, sem desistir de seu objetivo que se concretiza, até chegar ao sócio milionário da empresa Gardner Rich & Co., cargo que ocupa atualmente. Ele atropela todas as dificuldades, todos os obstáculos em busca de sua felicidade. Apesar de parecer um discurso demagogo, para obter a felicidade atualmente basta se encaixar nos padrões do consumo. A palavra felicidade pode ser sinônimo de riqueza, luxuria, ostentação. A felicidade pode estar no status que bens materiais e comercializáveis concedem aos pobres mortais. Infelizmente, o julgamento da felicidade leva a uma sentença muito pobre. Em números finais, o que nos traz a felicidade é muito pouco durável. Quem não pode ter aquela roupa da moda, aquele carro espetacular, aquele tênis fashion, reclama que não é feliz. Atualmente contar com uma pessoa que te ama de verdade e ter o que comer já pode ser conseiderado motivo de felicidade. É fácil falar, mas muito difícil de acatar: seria fundamental aprendermos a enxergar a felicidade naquilo que temos, e não no que a gente não possui. Aceitar bem o que está ao nosso alcance não é acomodar. É apenas um ganho de vitalidade para conseguir chegar onde realmente desejamos. O importante é perceber que a capacidade de encontrar a felicidade está dentro de nós.

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