quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Dignidade Planetária, Direito de Viver

A desgovernada cidade histórica de Congonhas assiste perplexa a um atentado de elevadíssimo grau de destruição: a decadência moral ou incapacidade legislativa / administrativa, como também a devastação do patrimônio ambiental. É assombrosa a cena de uma cidade com recursos monetários públicos elevadíssimos, sendo a mesma componente indispensável da história do Barroco Mineiro, padecer de duas evidentes misérias: a miséria financeira, propriamente dita, e a miséria cultural, tão notadas e ampliadas pela privatização dos recursos públicos para pouquíssimos, recursos estes que são: o dinheiro e as oportunidades. As ações de políticas públicas nesta padecente cidade operam na lógica clientelista, efetuando-se diversos atos de trocas com compensação de interesses restritos. A mórbida e parva ação dos representantes do Povo são refletidas pelo antiprogresso civilizacional de uma cidade, a exemplo do Brasil, que poderia ser um excelso exemplo, mas que é alardeada por uma dimensão do vício chamado corrupção. As grandes companhias de exploração mineral, que geram muitos empregos provisórios e temporários, ou seja, enquanto houver minério – recurso natural não renovável – vem destruindo o conjunto paisagístico de Congonhas além da geração de impactos sócio-ambientais de cunho de alta violação, tais como a transferência da população da área rural denominada Plataforma. Os habitantes foram remanejados como se fossem meros objetos a serem estocados e alimentados, devemos aqui lembrar que o homem não é só biológico-econômico, mas um ser de dimensão sócio-cultural-ambiental. Fato que denomino como aborto da diversidade cultural e mutilação do direito antropológico de escolha de onde e como viver. A grande atriz Brasileira, senhora cujo nome fictício é Fernanda Montenegro, que em certa altura da história do Brasil foi convidada a ser Ministra da Cultura e recusou-se por declarar que não possuía competência para tal cargo, cujo conteúdo conhece tão bem: a arte, certamente deve entender menos de gestão financeira e impactos ambientais, quando em uma propaganda cinematográfica e de alto calão ideológico diz: Diz que a CVRD gera riquezas para o Brasil, certamente esta enganada, pois esta instituição gera riquezas para um pequeno grupo que explora tiranicamente nossas terras. Fernanda Montenegro antes de vender sua voz para propaganda da Vale do Rio Doce deveria conhecer as montanhas de Congonhas, assim talvez, pelo bom senso, não participaria dessa farsa midiática. Que vergonha! A cidade morrendo ecológica e culturalmente e os poderes públicos inertes! Enquanto isso micro e medias fortunas vão sendo construídas... Ser “político” em Congonhas é uma maneira covarde de sobreviver para muitos! Ser político não é prestar assistencialismo a crianças, a adultos ou a idosos, é agir eticamente fiscalizando o funcionamento do município em nome do projeto democrático do bem para todos e não para alguns. Alguns parasitas metamorfoseados de Homens, inimigos reais do progresso e da real liberdade ética, lembram-me muito o fato histórico de Joaquim Silvério dos Reis e do episódio teológico de Judas Escariotes. Um fato estranho é que a CVRD patrocinou parte da campanha política de alguns candidatos a prefeito e de muitos candidatos à vereança, que hoje ocupam os cargos. Mas quem são estes? Como agem real e amplamente em favor do povo e da causa ambiental? Se estão imóveis frente à destruição do meio ambiente pelas companhias que os financiaram seria por motivo de conformismo ou covardia? O voto não deve ser dado a pífios assistencialistas de plantão ou a corruptos de velhas e de atuais gerações, que só sabem com a avassaladora força do analfabetismo político brecar o bem social. A juventude congonhense, abandonada a própria sorte, é vítima primeira do descaso político, não encontrando na terra natal oportunidade para o desenvolvimento e reconhecimento sócio-cultural-profissional. O sistema de educação, ou de condicionamento da cidade vem fomentando a formação real de proletariados e sub proletariados. Um ultraje econômico frente às oportunidades de investimento que o município oferece. Não confio em nenhum ocupante de cargo político, como me cabe o direito de não confiar, da atual ou de antigas gerações, pelo caos que a fúnebre cidade de Congonhas adquiriu. É preciso revitalizar os cenários de urbanismo político e de civilidade cultural com uma profunda decência da escolha dos representantes dos poderes públicos administrativo e legislativo, com pessoas éticas e livres que tenham a noção de que não são donas de determinado poder, apenas representantes, servidores públicos capazes. Em ato de reflexão, que olhemos nossas montanhas, o sítio arquitetônico artístico, a juventude e o processo econômico – cultural da cidade, esses fatores darão o veredicto para expulsarmos os engodos que por recursos, muitas das vezes suspeitos, de altas somas de dinheiro, instalaram-se em postos nos quais não sabem, não podem e não querem agir. Publicação autorizada pelo autor, Prof. Frederico Toldo, Ms.

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