quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Alerta verde e amarelo!

É, a situação está complicada mesmo. Hoje pela manhã (29) vimos mais uma seleção brasileira da base dar vexame. Dessa vez foi a Sub-17, de Lulinha e sua turma, ser desclassificada nas oitavas-de-final do mundial na categoria. Em menos de um ano, é o terceiro vexame das seleções de base do Brasil. O primeiro foi no mundial do Canadá, com a seleção recheada de estrelas como Alexandre Pato, Carlos Eduardo, Lucas e Willian. Foi ridículo ver a escrete - como diriam os mais tradicionais - classificar para segunda fase da competição apenas como uma das "melhores terceiras colocadas" na primeira fase. Lamentável, ainda mais quando se considera o status da garotada que foi disputar o mundial. A segunda foi nos jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro. A mesma seleção Sub-17 que perdeu hoje, foi derrotada por 4 a 2 no Maracanã para o tradicionalíssimo Equador, e ficou fora até mesmo da disputa pelo bronze. Jogando em casa, apoio da torcida... tudo perfeito para que os garotos tivessem uma ótima performance e fossem com moral para o mundial. Nada disso aconteceu. A partir desses resultados catastróficos da meninada brasileira, é importante fazer algumas observações: há pouquíssimo tempo, os jogares usavam as grandes equipes nacionais como vitrines, mas para um dia chegar a vestir a tão sonhada camisa canarinho. Hoje não. Atualmente a garotada sonha em vestir uma camisa de um grande clube para chegar o mais rápido possível aos clubes europeus. E o que mais impressiona, é que não é para defender e fazer história em clubes como Milan, Real Madrid ou Barcelona, que disputam e ganham títulos importantes. Qualquer proposta milionária de qualquer clube da Europa ultimamente tem seduzido os atletas tupiniquins. Clubes que estão se segurando para não cair de divisão ou de segunda divisão seja ela italiana, espanhola, alemã ou russa tem tirado jogadores de equipes grandes, como São Paulo, Cruzeiro e Palmeiras. O assédio é grande, e a sedução imediata. Os jogadores têm priorizado menos a seleção brasileira em prol de seu sucesso individual. Dava para perceber isso no mundial Sub-20. Na mesma época, grandes clubes europeus ofereciam milhões para ter o atacante do Inter de Porto Alegre, Alexandre Pato em seu elenco. Em um dos jogos da seleção, no Canadá, dirigentes do Milan assistiram ao jogo para observar o garoto atuando com a amarelinha. Ele não jogou para o time. Jogou para os dirigentes. Tentava jogadas de efeito, dribles bonitos para impressionar os cartolas. Funcionou. A seleção que se exploda. E explodiu! Outro ponto que merece ser analisado é a qualidade das comissões técnicas das seleções de base. Falando sério, quem é Nelson Rodrigues? Apesar da piada ser pronta e batida preciso dizer que não é o dramaturgo. É um treinador que não pode ser o comandante de seleção de base. Com todo respeito ao trabalho dele, é difícil esperar muito de um treinador que não aparenta ter controle da equipe. O que se vê é uma seleção desorganizada, com um monte de talentos mal treinados. Prestem atenção: talentos! Esse é um outro erro grave, cometido principalmente pela mídia, que coloca os garotos talentosos na posição de craques. Um erro, um peso nas costas que só Pelé conseguiu assumir. Mas os times também tem uma parcela de culpa. É só um menino bom de bola começar a dar as caras que eles já jogam a camisa de titular para ele e dizem: resolve o problema! Queima o jogador ou então perde o futuro craque para times europeus em menos de um ano. Às vezes é um ato inconciente, já que o momento das equipes do futebol brasileiro em relação ao elenco é assustadora. E os problemas se aprofundam ainda mais chegando a uma complexidade tremenda, a ponto de não enxergarmos uma solução. Não é culpa dos garotos. O cenário que fez o futebol chegar a esse ponto são muito mais complexos. Esse são apenas os resultados. Vamos abrir os olhos para os meninos, senão, a história brilhante do futebol brasileiro pode ser manchada por falta de cuidado com os talentos que aparecem a todo momento.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Odisséia no módulo II

Hoje vou voltar a falar de futebol. Mas não vai ser dos campeonatos de pompa, como aqueles que estão para começar lá pelos lados da Europa e nem comentar sobre a tristeza que é assistir a uma partida válida pelas confusas rodadas do Campeonato Brasileiro deste ano. Ah! Também não vou exaltar nem defender o futebol feminino de Marta e Cia. ilimitada (é, ilimitada mesmo, como a série dos anos 80. Limitado mesmo é o futebol masculino) que hoje é pauta nos principais veículos de futebol do Brasil. Mesmo porque, ficar imaginando a Marta com a camisa 10 do meu time é bobagem. Vou regionalizar hoje, e falar do Campeonato Mineiro, módulo II, que acabou recentemente, para ser mais exato, no último domingo (29). Devo dar os parabéns para Social de Cel. Fabriciano e Uberaba Sport, que conseguiram subir para elite do futebol de Minas Gerais. Aliás, acho que todo mundo deveria reverenciar essas duas equipes por terem conseguido tal feito. Uma proesa sobreviver nessa odisséia chamada Campeonato Mineiro, módulo II. Imagine só. Domingo, 10h30 da manhã, o torcedor sai de casa para ir ao estádio ver o time da sua cidade jogar. A indumentária está impecável: camisa oficial do time, bermudinha do fundo do cesto de roupa suja (ninguém vai querer sujar a roupa no estádio, né?! Poxa, é série B, não tem cadeira!), dinheiro para ingresso mais alguns trocados para a cerveja, bonézinho para aliviar o sol no rosto e vamos à luta! É triste pensar que você renunciou algumas horas a mais de sono para assistir a dezenas de centenas de milhares de barbeiragens da arbitragem. É impressionante como é grande o número de erros em uma partida. Parece que o pré-requisito para apitar módulo II é não saber das regras de arbitragem. Tem como ser pior? Claro, que tem! Quando seu time vai jogar fora de casa! Não foi uma nem duas vezes em que o Uberaba Sport, por exemplo, foi jogar fora e perdeu pontos por erro de juiz ou do auxiliar. E eram erros descarados, assustadores, inacreditáveis, preocupantes. No Uberabão mesmo, já presenciei erros, sinceramente, engraçados. Parecia que o bandeira não podia abaixar o braço. Teve uma jogada quase "dantesca" em que o pobre coitado do atacante do Uberaba recebeu atrás da zaga, pela direita; mas tinha outro jogador colorado pela esquerda impedido. Adivinha se o auxiliar não deu o impedimento e o juizão não confirmou!? Desse jeito não dá, professor, vamos prestar atenção! E o Uberaba ainda conseguiu subir, hein?! Imagina o que não devem ter passado os outros que não subiram! Lamentável! Como se não bastasse a partida desleal contra o trio de arbitragem, as equipes têm um outro grande adversário no módulo II: uma tabela extremamente mal feita. Sinceramente nunca vi um campeonato começar com sete times e ter um hexagonal final! Além de ser desnecessário você jogar contra um mesmo time 4 vezes em um campeonato (ou melhor, joga contra praticamente todos os times 4 vezes), como vai ficar o único time que ficou de fora? Não quero nem imaginar o que passou pela cabeça de jogadores e diretoria do Extrema... Esse ano seriam oito equipe, mas com a desistência do Atlético, de Três Corações, ficaram apenas sete. Os sobreviventes disputaram entre si, em jogos de ida e volta uma vaga no Hexagonal final, em que todo mundo jogaria contra todo mundo de novo, para definir quais seriam os dois classificados para a elite do futebol mineiro. Sinceramente? Muito ruim. O problema é renda? É só fazer dois grupos com quatro times, semi-final e final. Torcedor gosta é da fase decisiva. Ninguém vai aos jogos no início da competição, ainda mais com ingresso a R$ 10,00. Apesar de tantos pesares, temos que desejar boa sorte ao Colorado e ao Saci, agora representantes de suas cidades na primeira divisão de Minas Gerais. Ah! Ano que vem o América, glorioso, da capital, tradicional, estará no módulo II. Será que vai ser uma competição maluca e mal elaborada como nos últimos anos? É esperar para ver! Artigo publicado no Katatudo News, 01/08/2007

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Em busca da felicidade

Há alguns meses fui ao cinema para ver um filme que me chamou atenção. Era uma produção que contava a história do banqueiro de investimentos Chris Gardner. A idéia partiu de uma reportagem no canal ABC em janeiro de 2003, que tinha como tema a história do milionário. Na época, eu estava lendo um desses livros que vendem em banca de jornal sobre a história de grandes pensadores. Na ocasião era um livro sobre a vida, obra e filosofia de Santo Agostinho, ou Aurelius Augustinus. Depois de abandonar o maniqueísmo – doutrina religiosa pregada por Maniqueu que tem seus fundamentos baseados em princípios opostos: bem absoluto ou Deus; e o mal absoluto, ou o Diabo – Agostinho abraçou a filosofia neoplatônica onde aprendeu a espiritualidade de Deus e a negatividade do mal. Durante alguns meses, entrou em fase de recolhimento e escreveu alguns de seus diálogos filosóficos. Baseado no manual de Marcus Terentius Varro (116-27 a.C.), Agostinho indaga em uma de suas últimas obras, Cidade de Deus, que a razão para homem filosofar é de atingir a felicidade, que ele não encontrou nos filósofos clássicos, mas nas Escrituras Sagradas, depois de ter escutado as palavras de Paulo de Tarso. Um ato de fé. Todas as 288 teorias filosóficas definidas no manual de Marcus Terentius Varro, fizeram com que Agostinho tivesse essa conclusão por elas chegarem sempre a mesma questão: como obter a felicidade? Para Agostinho, a felicidade estava nas Escrituras Sagradas e não na filosofia. E nós, como podemos obter a felicidade? Para Chris Gardner, personagem do filme, obter a felicidade estava em ter uma vida digna, o que é direito de qualquer pessoa. Em busca da felicidade (The Pursuit of Happyness, 2006) é baseado na história real de Gardner (Will Smith), um vendedor que morava com seu filho Christopher (Jaden Smith) e sua namorada Linda (Thandie Newton). Depois de ser abandonado pela mulher, que não agüentava a falta de dinheiro, Chris aceita um estágio não remunerado na esperança de conseguir um emprego melhor em uma grande empresa. Sem dinheiro, ele acaba despejado do apartamento em que vivia com o filho e os dois são obrigados a dormir em abrigos, banheiros de estações de trem em São Francisco ou qualquer local que servisse de aconchego. Mesmo com todos os problemas, Chris continua a ser um pai amoroso, dedicado, sem desistir de seu objetivo que se concretiza, até chegar ao sócio milionário da empresa Gardner Rich & Co., cargo que ocupa atualmente. Ele atropela todas as dificuldades, todos os obstáculos em busca de sua felicidade. Apesar de parecer um discurso demagogo, para obter a felicidade atualmente basta se encaixar nos padrões do consumo. A palavra felicidade pode ser sinônimo de riqueza, luxuria, ostentação. A felicidade pode estar no status que bens materiais e comercializáveis concedem aos pobres mortais. Infelizmente, o julgamento da felicidade leva a uma sentença muito pobre. Em números finais, o que nos traz a felicidade é muito pouco durável. Quem não pode ter aquela roupa da moda, aquele carro espetacular, aquele tênis fashion, reclama que não é feliz. Atualmente contar com uma pessoa que te ama de verdade e ter o que comer já pode ser conseiderado motivo de felicidade. É fácil falar, mas muito difícil de acatar: seria fundamental aprendermos a enxergar a felicidade naquilo que temos, e não no que a gente não possui. Aceitar bem o que está ao nosso alcance não é acomodar. É apenas um ganho de vitalidade para conseguir chegar onde realmente desejamos. O importante é perceber que a capacidade de encontrar a felicidade está dentro de nós.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Dignidade Planetária, Direito de Viver

A desgovernada cidade histórica de Congonhas assiste perplexa a um atentado de elevadíssimo grau de destruição: a decadência moral ou incapacidade legislativa / administrativa, como também a devastação do patrimônio ambiental. É assombrosa a cena de uma cidade com recursos monetários públicos elevadíssimos, sendo a mesma componente indispensável da história do Barroco Mineiro, padecer de duas evidentes misérias: a miséria financeira, propriamente dita, e a miséria cultural, tão notadas e ampliadas pela privatização dos recursos públicos para pouquíssimos, recursos estes que são: o dinheiro e as oportunidades. As ações de políticas públicas nesta padecente cidade operam na lógica clientelista, efetuando-se diversos atos de trocas com compensação de interesses restritos. A mórbida e parva ação dos representantes do Povo são refletidas pelo antiprogresso civilizacional de uma cidade, a exemplo do Brasil, que poderia ser um excelso exemplo, mas que é alardeada por uma dimensão do vício chamado corrupção. As grandes companhias de exploração mineral, que geram muitos empregos provisórios e temporários, ou seja, enquanto houver minério – recurso natural não renovável – vem destruindo o conjunto paisagístico de Congonhas além da geração de impactos sócio-ambientais de cunho de alta violação, tais como a transferência da população da área rural denominada Plataforma. Os habitantes foram remanejados como se fossem meros objetos a serem estocados e alimentados, devemos aqui lembrar que o homem não é só biológico-econômico, mas um ser de dimensão sócio-cultural-ambiental. Fato que denomino como aborto da diversidade cultural e mutilação do direito antropológico de escolha de onde e como viver. A grande atriz Brasileira, senhora cujo nome fictício é Fernanda Montenegro, que em certa altura da história do Brasil foi convidada a ser Ministra da Cultura e recusou-se por declarar que não possuía competência para tal cargo, cujo conteúdo conhece tão bem: a arte, certamente deve entender menos de gestão financeira e impactos ambientais, quando em uma propaganda cinematográfica e de alto calão ideológico diz: Diz que a CVRD gera riquezas para o Brasil, certamente esta enganada, pois esta instituição gera riquezas para um pequeno grupo que explora tiranicamente nossas terras. Fernanda Montenegro antes de vender sua voz para propaganda da Vale do Rio Doce deveria conhecer as montanhas de Congonhas, assim talvez, pelo bom senso, não participaria dessa farsa midiática. Que vergonha! A cidade morrendo ecológica e culturalmente e os poderes públicos inertes! Enquanto isso micro e medias fortunas vão sendo construídas... Ser “político” em Congonhas é uma maneira covarde de sobreviver para muitos! Ser político não é prestar assistencialismo a crianças, a adultos ou a idosos, é agir eticamente fiscalizando o funcionamento do município em nome do projeto democrático do bem para todos e não para alguns. Alguns parasitas metamorfoseados de Homens, inimigos reais do progresso e da real liberdade ética, lembram-me muito o fato histórico de Joaquim Silvério dos Reis e do episódio teológico de Judas Escariotes. Um fato estranho é que a CVRD patrocinou parte da campanha política de alguns candidatos a prefeito e de muitos candidatos à vereança, que hoje ocupam os cargos. Mas quem são estes? Como agem real e amplamente em favor do povo e da causa ambiental? Se estão imóveis frente à destruição do meio ambiente pelas companhias que os financiaram seria por motivo de conformismo ou covardia? O voto não deve ser dado a pífios assistencialistas de plantão ou a corruptos de velhas e de atuais gerações, que só sabem com a avassaladora força do analfabetismo político brecar o bem social. A juventude congonhense, abandonada a própria sorte, é vítima primeira do descaso político, não encontrando na terra natal oportunidade para o desenvolvimento e reconhecimento sócio-cultural-profissional. O sistema de educação, ou de condicionamento da cidade vem fomentando a formação real de proletariados e sub proletariados. Um ultraje econômico frente às oportunidades de investimento que o município oferece. Não confio em nenhum ocupante de cargo político, como me cabe o direito de não confiar, da atual ou de antigas gerações, pelo caos que a fúnebre cidade de Congonhas adquiriu. É preciso revitalizar os cenários de urbanismo político e de civilidade cultural com uma profunda decência da escolha dos representantes dos poderes públicos administrativo e legislativo, com pessoas éticas e livres que tenham a noção de que não são donas de determinado poder, apenas representantes, servidores públicos capazes. Em ato de reflexão, que olhemos nossas montanhas, o sítio arquitetônico artístico, a juventude e o processo econômico – cultural da cidade, esses fatores darão o veredicto para expulsarmos os engodos que por recursos, muitas das vezes suspeitos, de altas somas de dinheiro, instalaram-se em postos nos quais não sabem, não podem e não querem agir. Publicação autorizada pelo autor, Prof. Frederico Toldo, Ms.